A regulação da emoção é a capacidade alterar a resposta emocional através da utilização de estratégias conscientes ou inconscientes. A persistência de emoções negativas e a incapacidade de regular as emoções podem ser fatores determinantes para o desenvolvimento e prognóstico de diversos transtornos psiquiátricos. Esta linha de pesquisa visa investigar a capacidade dos indivíduos de alterar suas repostas emocionais e o circuito neural subjacente aos mecanismos desta regulação. Adicionalmente, serão investigados voluntários expostos à situações de violência urbana e com sintomas de estresse pós-traumático. Particularmente, pretendemos investigar a capacidade destes indivíduos em regular suas respostas emocionais e como a variabilidade individual interage com a capacidade de utilização de uma estratégia específica. Para isto, investigaremos se os estímulos podem ter seu impacto emocional modificado por meio de duas estratégias de regulação emocional específicas: (a) redução de recursos de atenção para o processamento de estímulos emocionais (distração cognitiva) através da realização de uma tarefa de atenção de alta demanda; (b) reavaliação implícita dos estímulos emocionais de modo a atenuar sua relevância biológica e capacidade de capturar atenção.
As complexas redes de estruturas neurais para os estímulos de ameaça permitem a rápida percepção do perigo em potencial e fornecem uma ampla variedade de estratégias defensivas, tais como congelamento, luta ou fuga e imobilidade tônica. Quando uma experiência emocional vivida é extremamente estressante, como, por exemplo, em um assalto, nem todas as pessoas conseguem superar o evento traumático e levar uma vida normal. Algumas delas podem desenvolver um transtorno de ansiedade conhecido como Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). A ocorrência de um evento traumático é um aspecto necessário para o desenvolvimento da doença, porém pesquisas recentes têm sido realizadas no intuito de identificar fatores de vulnerabilidade para o desenvolvimento deste transtorno. Nesta linha, estamos interessados em avaliar como a experiência de um indivíduo com situações de violência pode influenciar o seu comportamento, suas respostas autonômicas (frequência cardíaca e condutância da pele) e a reatividade cerebral à estímulos desagradáveis de violência e como este padrão pode ser modulado por diferentes fatores. Mais especificamente, avaliar a importância da direcionalidade do estímulo emocional e como a magnitude dos sintomas de TEPT apresentados por um indivíduo pode modificar suas respostas comportamentais, autonômicas e cerebrais.
O interesse deste projeto é elucidar de que forma os sistemas emocionais e atencionais interagem para direcionar o comportamento. Atenção e a emoção têm sido estudadas de maneira bastante independente no passado e o desafio deste projeto é contribuir para o entendimento da influência mútua que estes dois sistemas exercem um sobre o outro. Nesta linha objetivamos investigar o efeito da apresentação de figuras emocionais positivas e negativas sobre o comportamento e como estes efeitos podem ser modificados pela execução de tarefas atencionais com diferentes níveis de demanda cognitiva.
4. Investigação da vulnerabilidade e resistência ao estresse.
Nesta linha investigamos as respostas psicofisiológicas à estimulação aversiva e a capacidade de regulação dessas respostas. Esta linha visa estabelecer como as predisposições emocionais podem modular as respostas a contextos estressantes em voluntários saudáveis e em pacientes com distúrbios psiquiátricos. Também investigaremos como e em que circunstâncias, a indução de um estado de afeto mais positivo é capaz de aumentar a resistência (resiliência) ao estresse. Pretendemos investigar os substratos neurobiológicos que conferem uma maior capacidade de enfrentar situações estressantes com conseqüências patológicas mínimas e extrair desse conhecimento dados que permitam propor estratégias de prevenção e de atenuação dos efeitos deletérios para a saúde.
5.Aspectos psicofisiológicos do comportamento alimentar.
Pretendemos avaliar, através de medidas psicofisiológicas centrais e periféricas, a resposta emocional dos indivíduos à visualização de alimentos ultraprocessados. O objetivo desta linha é reunir o conhecimento de áreas como a neurociências, psiquiatria e nutrição para investigar a interação entre processos atencionais, emocionais e desfechos em saúde.